terça-feira, 25 de março de 2014


AOS CINQUENTA


Passou setembro e junto com a primavera eu fechei meio século. Logo não me dei conta, mas o ano acabou, veio o Natal, Réveillon, férias, carnaval. Passei estas datas num misto de achaque com apatia, se é que alguém consegue entender. Meu pensamento desarranjado e descentrado. Uma espécie de mal, um sangramento interior. Recorri aos fármacos, à terapia, à religião, entre outras  alternativas, porém aquela ponta de adaga cutucando no meu nervo mais sensível insistia, sem pesar, em me fazer sofrer.
Numa das minhas caminhadas matutinas, mais por dever que por prazer, deitei na grama verde, como fazia na minha infância. Veio-me na memória a lembrança, tão distante, da beleza daqueles momentos.  Essa reflexão me avivou para a realidade que me incomodava: os cinquenta anos!  Trata-se de meio século. Não é uma idade qualquer. Não se pode voltar atrás pra refazer absolutamente nada, nem as coisas erradas e nem repetir as boas, porque o tempo é outro. Parar, nem pensar! Sou jovem pra isso. Mas também não me sinto nova suficiente para investir em grandes projetos. Talvez a solução seja avançar aos poucos, devagar, sem pressa. Desacelerar, não correr tanto e apreciar mais a beira do caminho. Com a maturidade, as dores e dissabores tornam-se menos difíceis de elaborar. Fazer projetos, porém mais curtos e com expectativas menores e mais racionais.
É um tempo árduo esta meia-idade. Literalmente, o meio de um caminho, sem faixa de retorno. A única opção é seguir adiante, independente das dúvidas e inseguranças que apareçam, é a única via pra seguir até o fim da vereda. O que me consola é ter tido um filho, escrito um livro e plantado até mais que uma árvore, além de muitas flores. Nesta exata e prioritária ordem. Minha única certeza é que continuarei plantando flores e replantando as que não vingarem. E é só.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014


Muito tempo sem escrever.
Me sufoca a nostalgia.
Roubei esta letra do Martinho,
pra dizer o que eu queria!

Ex Amor
Martinho da Vila

Ex-amor,
Gostaria que tu soubesses
O quanto que eu sofri
Ao ter que me afastar de ti.
Não chorei!
Como um louco eu até sorri,
Mas no fundo só eu sei
Das angústias que senti.

Sempre sonhamos
Com o mais eterno amor.
Infelizmente,
Eu lamento, mas não deu...
Nos desgastamos
Transformando tudo em dor,
Mas mesmo assim
Eu acredito que valeu.
Quando a saudade bate forte
É envolvente.
Eu me possuo
E é na sua intenção,
Com a minha cuca
Naqueles momentos quentes
Em que se acelerava o meu coração.